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CRIPTOMOEDA É NOVO FOCO DE FACULDADES

Moedas digitais são tratadas em disciplinas, pós-graduação e projetos de pesquisa; primeiro mestrado específico começa no segundo semestre

 

Fonte: Tulio Kruse, Especial para o Estado (educação.estadao.com.br) – Imagem ilustrativa

Os departamentos de Economia das universidades brasileiras começam a se debruçar sobre o fenômeno das moedas digitais.

Aos poucos, o tema tem sido incluído em disciplinas, ganhado espaço na pós-graduação e em projetos de pesquisa.

As novidades na área incluem o primeiro programa de mestrado com ênfase nas chamadas criptomoedas e uma entidade estudantil criada em São Paulo, para dar agilidade à formação profissional e ao estudo do blockchain, a tecnologia que dá lastro ao dinheiro virtual.

O Blockchain Insper é uma combinação de grupo de estudos e empresa júnior, surgida há sete meses.

Os alunos dividem-se em equipes de pesquisa nas áreas de Finanças, Tecnologia e Negócios.

Há também departamentos que simulam áreas empresariais, como Marketing, Estratégia, Conteúdo e Eventos.

Todos participam tanto da área de pesquisa quanto da parte gerencial.

Com 23 integrantes, a entidade pretende desenvolver novas tecnologias e modelos de negócio na área de moedas digitais.

Eles já firmaram parcerias com cinco empresas da área, que oferecem profissionais para atuar como mentores e consultores, e ajudam alunos a definir prioridades nas pesquisas e na administração da entidade.

“A gente teve a humildade de entender que não adianta fazer algo sozinho”, diz o estudante João Perpetuo, de 23 anos, que cursa Economia e é um dos idealizadores do Blockchain Insper.

A iniciativa estudantil também rendeu um reforço à área de graduação.

Além dos projetos de pesquisa, os alunos já apresentaram aulas sobre criptomoedas e promoveram workshops sobre o tema.

Para o longo prazo, pretendem oferecer as próprias consultorias a clientes.

Eles se inspiram em uma iniciativa da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, que já oferece esse tipo de serviço.

“A gente achou que poderia criar um hub que facilitasse a entrada para todos os alunos e tem um viés de inovação que nos diferencia de uma empresa júnior. A nossa visão é capacitar para coisas realmente novas”, diz Felipe Santos, de 20 anos, que também estuda Economia.

 

DERIVATIVOS

Na Faculdade de Economia e Administração, da Universidade de São Paulo (FEA-USP), as criptomoedas foram incluídas como um tema adicional na disciplina de Derivativos, uma eletiva, no ano passado.

A iniciativa foi do professor Alan de Genaro, que pesquisa o tema na universidade.

“Eu entendo que alguns assuntos têm de ser apresentados ainda que ele (aluno) não vá trabalhar no mercado de finanças. “As pessoas tem de entender quais fatores são benéficos e quais não são adequados (nas criptomoedas)”, disse Genaro.

Nas aulas, ele explica as diferenças e semelhanças entre o bitcoin e o dólar, e seu comportamento nas bolsas de valores.

 

MESTRADO

No segundo semestre deste ano, começam as aulas de um curso de mestrado profissional de Economia focado em Criptofinanças.

A iniciativa é da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e visa a capacitar profissionais para atuar no mercado de startups.

Os alunos poderão criar a própria moeda digital.

“É um mercado em que falta muita gente capacitada. Temos fundamentos econômicos e financeiros dentro das criptofinanças que valem a pena ser discutidos, pesquisados e ensinados”, disse o coordenador do programa, Ricardo Rochman.

Neste semestre, pela primeira vez a FGV também ofereceu uma disciplina optativa sobre o assunto aos alunos de Economia.

“Há um ganho conceitual de saber tanto como funciona a aplicação prática quanto saber como pode ser uma alternativa de investimento”, diz a aluna Michele Araújo, de 26 anos.

 

O QUE SÃO CRIPTOMOEDAS?

Diferentes de moedas nacionais como o dólar e o real, as criptomoedas não estão vinculadas a um banco central ou a qualquer instituição financeira.

As operações de compra e venda são verificadas por meio de programas virtuais e de forma descentralizada – cada transação é verificada por vários computadores em uma rede, por meio de uma tecnologia chamada de blockchain.

Entre essas moedas virtuais, o bitcoin foi a pioneira e se tornou a mais conhecida, mas há outras que se utilizam da tecnologia.

No caso do bitcoin, a emissão é feita a cada vez que um computador soluciona um problema matemático.

Há um limite de bitcoins que pode ser emitido. E a cada vez que uma nova unidade é criada, leva mais tempo para criar outra.

Outras criptomoedas não têm esse limite.

Como o dólar, é possível comprá-las no mercado futuro e vendê-las a um valor mais alto.


Fonte: Tulio Kruse, Especial para o Estado (educação.esta

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